Os encontros culturais entre missionários e indígenas nas cartas do Pe. José de Anchieta - Jandevaldo Santos

As questões referentes aos contatos coloniais no Brasil se mostraram absolutamente complexas quando se “desdocumenta” a própria documentação. Este trabalho, em sua natureza interdisciplinar com as fontes, permite-nos desconstruir a ideia de passividade indígena frente ao projeto missionário de período colonial no Brasil. A análise da dissertação nos desvela as relações complexas de resistência presentes nos processos de tensão frente às intenções religiosas dos missionários do início do século XVI. Este trabalho propõe a visibilidade historiográfica do indígena em contexto e o coloca na condição de agente atuante da história. O protagonismo indígena visto na documentação faz frente ao sistema colonial e ao projeto missionário, por meio dos hábitos culturais e na manutenção das tradições. A aproximação entre a história e a antropologia, aqui muito bem sinalizada, possibilita dar um salto teórico-metodológico no que diz respeito ao uso documental na ressignificação das interações, dos contatos e das relações religiosas conflituosas existentes na documentação.

Dra. Juliana Figueira da Hora
Mestre e doutora pelo Museu de Arqueologia e Etnologia (USP), professora do Mestrado Interdisciplinar em Ciências Humanas da Universidade de Santo Amaro (UNISA).