Saúdo a terceira edição do livro Os anjos que caíram do céu, de Kenner Terra. A partir de indícios antes já notados, ele busca na literatura judaica os pontos de partida dos autores do Novo Testamento. Ele estuda o Mito dos Vigilantes e seus usos eventuais no Movimento de Jesus. Ele contextualiza sua leitura e define os pontos de partida. Ele indica as consequências do uso de um texto de polêmica intra-judaica no interior de novas polêmicas, agora para saber quem é de fato discípulo de Jesus e filho de Deus. Ao assim fazer, ele se propõe a compreender não apenas o demoníaco do passado, mas os demônios do presente.
Dito isso, recomendo com entusiasmo sua leitura, enquanto aguardamos a próxima conversa que o autor promete no final.
Prof. Dr. Valtair Afonso Miranda - Rio de Janeiro, RJ
O período pós-exílio foi muito importante na história de Israel. Representou o desenvolvimento de complexas e novas perspectivas teológicas e a reconfiguração de identidade, o que estava em marcha desde o exílio. Por essa razão, debruçar-se sobre as influências do mundo persa no período do Segundo Templo já se tornou lugar comum nas pesquisas histórico-sociais do(s) judaísmo(s) antigo(s).
Cada capítulo deste livro apresenta perspectivas e preocupações independentes, a despeito de contemplarem a mesma temática. Esse tipo de projeto tem seus limites, por conta da sua não sistematização, mas revela-se como importante quadro geral. Além disso, cada artigo possui rica bibliografia que poderá ser consultada em pesquisas posteriores.
Esta coletânea pretende destacar a importância da teologia, imaginários, textos e contexto social persas na história de Judá. Nossa preocupação, obviamente, não é esgotar o assunto, mas, pelo contrário, provocar novas contribuições a fim de preencher a lacuna existente nos estudos bíblicos a respeito desse fundamental período da história de Israel/Judá.
Kenner Terra / Nelson Lellis (orgs.)
O apocalipse de João é uma obra instigante. Sua linguagem cheia de violência, com monstros aterrorizantes, pessoas clamando por justiça, anúncios de mortes e desespero, em um quadro de espetáculos celestes, fascina os que gostam de ficção e alimenta a esperança dos que esperam um dia entrar na nova Jerusalém, onde não haverá mar nem morte, quando as lágrimas serão enxugadas. contudo, o livro do apocalipse será lido como uma narração da realidade. Nesse sentido, o texto do visionário João não é visto como reflexo de qualquer opressão, mas construção discursiva a respeito do sistema que, para o visionário, é a negação da ordem. Nesta obra, aplicando os conceitos de texto e memória cultural, à luz das pesquisas vinculadas à semiótica da cultura e teorias da memória, observar-se-á como as memórias de seres celestes caídos e aprisionados da tradição enoquita estão presentes na literatura judaico-cristã e servem para a construção das imagens no apocalipse. por meio de estratégias narrativas, o narrador do apocalipse deseja que sua visão seja levada a sério e que seus interlocutores aceitem a sua interpretação da realidade, deixando a associação com a vida e sistema romanos, pois se assim procederem serão comparados aos selados e receberão as mesmas recompensas. Dessa maneira, sua descrição com linguagem escatológica joga com o futuro e com o presente; prevê o caos, mas o vive em nível narrativo. Por isso, o livro do apocalipse, com um dualismo extremamente radical, não dá espaços para dúvidas. Portanto, esta obra lida com o apocalipse como instrumento retórico de terror e medo que leva seus leitores implícitos a não flertarem com Roma, a não aceitarem seus discursos ou os que com ela se associam. Kenner Terra
Ler é sempre disputa, troca e relação com o texto e as outras pessoas.
E mais: é estar no mundo. Habitamos a realidade interpretando-a, ao mesmo tempo em que a criamos. Além disso, por ser a vida sempre interdiscursiva, coletiva, hermenêutica é diálogo com memórias, prazeres, experiências nossas e do outro, mesmo que distanciados por tempo e espaço.
Esta obra que apresentamos é a atividade dessas potencialidades conjugadas em quatro mãos e dois olhares; por vezes de perto, outras de longe, durante uma maturação de alguns anos. O texto que nos escolheu (é isso mesmo. Textos nos escolhem e não o contrário) para isso foi a carta aos Gálatas. Por que este opúsculo neotestamentário? Não saberíamos ao certo responder. Talvez, nossa vocação para a e da liberdade, alimentada por preocupações pastorais e éticas, tenha nos guiado até aqui. Gálatas é, indubitavelmente, junto com Romanos, uma das cartas mais influentes do apóstolo Paulo. Assim sendo, as leituras teológicas e políticas que brotaram dessas palavras estão entre as mais estruturantes da experiência e da prática religiosa dos muitos cristianismos que emergiram ao longo da história. Trata-se de uma arquiescritura, letras com indícios originários. O ritual da circuncisão não é apenas o nexo problemático da carta, mas aponta para o próprio modo de produção do texto apostólico ¿ uma escritura incisiva, dilacerante, penetrante, cirúrgica, em traços e trilhas, como rastros no corpo. Gálatas explicita a força e o espaço aberto pelo Messias no corpo do escritor. Há um corte, um punho próprio, letras imensas, uma perturbação e um estigma em cena - fortes revelações traduzidas em palavras, transformadas em movimento literário. Como captar a força explosiva da Palavra? Como ler o Espírito?
A carta é como uma tatuagem: envolve força, dor, sangue, marca, memória, tempo, alteridade, comunidade, identificação e significação.
Kenner Terra e Fellipe dos Anjos
Esta obra celebra a literatura de Carlos Nejar, o Poeta do Pampa.
Quinto ocupante da cadeira nº 4 da Academia Brasileira de Letras, eleito em 24 de novembro de 1988, Nejar acumulou diversas honrarias, entre elas, em 1970, o Prêmio Jorge de Lima, pelo livro Arrolamento, concedido pelo Instituto Nacional do Livro; em 1979, seus poemas foram gravados para a Biblioteca do Congresso, em Washington (EUA); em 2010, recebeu a mais alta condecoração do Rio Grande do Sul, ¿A Comenda Ponche Verde¿; na conclusão da preparação desta obra, Nejar foi agraciado com o Prêmio Lygia Fagundes Telles, concedido pela União Brasileira de Escritores do Rio de Janeiro.
Em três ocasiões, a casa de Machado indicou Nejar para concorrer ao Prêmio Nobel de Literatura da Academia Sueca (Svenska Akademien).
Sua obra é vastíssima. Poucos escreveram tanto e tão bem. Sélesis (1960) foi seu primeiro livro de poesia, seguido por Livro de Silbion (1963), Livro do Tempo (1965), O Campeador e o Vento (1966) e Danação (1969). Após a década de 1960, Nejar continuou sua intensa e homenageada produção literária e escreveu contos, ?ficção, romance, novelas, literatura infantil e, especialmente, poesia. Entre seus principais trabalhos, podemos destacar Poço do Calabouço (1974), Memória do Porão (1985), A idade da aurora (1990), Evangelho Segundo o Vento (2002) e Os Viventes (1979; 2011), grande parte desses foram contemplados nesta obra.
Esta obra é o resultado do 8° Congresso Continental da Rede Latino-americana de Estudos Pentecostais (RELEP), uma jornada de debates e exposições desenvolvidos no Brasil, na capital do estado do Espírito Santo, em parceria com a Faculdade Unida de Vitória, que articulou pesquisadores e pesquisadoras latino-americanos, em sua maioria de comunidades pentecostais, para pensar a experiência pentecostal na América Latina. O encontro também contou com especialistas católicos e das igrejas históricas, além de professores dos EUA, África e Índia. Em uma perspectiva interdisciplinar, a experiência pentecostal latino-americana recebeu diversos olhares, produzindo contribuições para a teologia, história e sociologia pentecostais. Além do Programa de Pós-Graduação em Ciências das Religiões da Unida, o evento contou com a parceria da Faculdade Boas Novas (Manaus/AM), Faculdade Refidim (Joinville/SC), Universidade Estadual da Região Tocantina do Maranhão (UEMASUL, Imperatriz/MA) e com o apoio financeiro da Evangelisches Missionswerk in Deutschchland (EMW) e da Visão Mundial.