Em O Evangelho muito bom, Lisa Sharon Harper propõe uma releitura profunda e transformadora das boas novas de Jesus, ancorada na teologia da reconciliação e no conceito bíblico de “shalom” – a paz plena e justa entre todas as coisas. A autora, teóloga e ativista cristã, parte da convicção de que o evangelho não é apenas uma mensagem de salvação individual, mas uma proclamação coletiva de cura, restauração e justiça para o mundo.
A obra articula com sensibilidade e firmeza a narrativa bíblica com os clamores contemporâneos por equidade racial, justiça de gênero, dignidade dos pobres e cuidado com a criação. Lisa Harper defende que o “muito bom” proclamado por Deus no relato da criação é um chamado radical à restauração das relações rompidas: entre Deus e a humanidade, entre os seres humanos, entre os povos e nações, entre o ser humano e a terra.
Com uma abordagem pastoral e profética, a autora explora temas como o pecado estrutural, a violência racial nos Estados Unidos, o patriarcado e os efeitos do colonialismo, mostrando como a fé cristã pode – e deve – ser instrumento de libertação e transformação social. Sua teologia é enraizada tanto nas Escrituras quanto em sua experiência como mulher negra e líder engajada na luta por justiça.
O livro é um convite à igreja para reencontrar a integralidade do evangelho, superando reducionismos e resgatando sua potência reconciliadora. Lisa Harper nos desafia a imaginar e construir um mundo onde tudo o que está quebrado possa, de fato, ser restaurado – e onde o “muito bom” de Deus seja uma realidade vivida, aqui e agora.
André Yuri Abijaudi
Editor da Editora Recriar
"Entre tambores, travessias e teologias: bem vindos ao nosso quilombo de palavras"
Autoras e Autores
Adriano Portela dos Santos
Ânila Teresa Santana Fratelis
Amanda Crispim Ferreira
André Luís de Souza Carvalho
Brian Kibuuka (organizador)
Cláudia Sales de Alcântara
Débora Maria Proença
Eliad Dias dos Santos
Elba de Oliveira de Souza
Emiliano Jamba António João
Erivaldo Sales Nunes
Faustino dos Santos
Gicélia Cruz
Jorge Luís Rodrigues dos Santos
Jorge Luiz Nery de Santana
José Lidomar Nepomuceno de Sousa
Júlio Macuva Estendar
Lenilson Marques Coelho
Luciana Ribeiro Petersen
Marco Davi de Oliveira
Matheus Motta dos Santos
Nathália de Souza Silva Grigorievs
Paulo Sérgio de Proença
Pedro Acosta-Leyva
Shirley Maria dos Santos Proença
Tânia Maria Pinto de Santana
Telma Cezar da Silva Martins
Valdenice José Raimundo
Vanessa Maria Gomes Barboza
Vardilei Ribeiro da Silva
Em Destino, o livro que você tem em mãos, Lisa Sharon Harper entrega uma obra profundamente pessoal, teológica e politicamente urgente. Ao entrelaçar a história de sua ancestral, Fortune – uma mulher negra escravizada no século XVII – com os grandes marcos da história estadunidense, a autora traça uma genealogia de feridas e resistências que revelam como raça, fé e poder se entrelaçam na formação das estruturas sociais contemporâneas.
Lisa Sharon Harper, conhecida por seu compromisso com a justiça racial e a fé cristã progressista, realiza aqui um trabalho notável de reconciliação entre memória familiar e história coletiva. Sua escrita, ao mesmo tempo sensível e contundente, desafia o leitor a confrontar a violência sistêmica do passado sem perder de vista o horizonte da esperança e da transformação.
Destino é mais do que uma biografia ancestral: é uma convocação ética. É um convite para participar de uma espiritualidade enraizada na verdade histórica, que não separa fé de justiça, nem espiritualidade de reparação. Um livro essencial para quem busca compreender as intersecções entre teologia, identidade e reparação histórica – e, sobretudo, para quem deseja caminhar com integridade no compromisso cristão com a dignidade humana.
André Yuri Abijaudi
Editor da Editora Recriar
O que impede as igrejas de se posicionarem com clareza contra o racismo, se o Evangelho anuncia a justiça como parte do Reino de Deus? Este livro enfrenta uma das mais persistentes contradições da tradição cristã: a distância entre o ideal teológico da dignidade humana e a prática histórica de silenciamento, exclusão e opressão de pessoas negras — especialmente mulheres negras. Teologia Feminista Negra: Releituras da Fé a partir da Experiência de Mulheres Negras propõe uma revisão crítica das principais produções teológicas womanistas, negras e feministas desde suas raízes nos Estados Unidos até seus desdobramentos nas teologias afro-latino-americanas. Ao centrar a experiência de mulheres negras como lugar teológico, a obra denuncia o epistemicídio promovido pelo eurocentrismo cristão e afirma a urgência de uma descolonização da fé. Termos como afrocentricidade, branquitude, epistemicídio e ancestralidade são mobilizados com força analítica e ontológica, buscando reconfigurar as bases da teologia cristã contemporânea em uma linguagem acessível, base teórica sólida e compromisso étnico-racial e de gênero.
A Bíblia aprova ou desaprova a escravidão?
Uns dizem que aprova; outros dizem que desaprova.
Ocorre que ambos os lados buscam nela o amparo para defender suas ideias. Isso se deve ao prestígio e à força modeladora de pensamento e de comportamento que as Escrituras têm, pois são consideradas as palavras ditas ou inspiradas pelo próprio Deus. Mas, afinal, a Bíblia é a favor ou contra a escravidão?
A pergunta não quer calar e interessa a todas as pessoas. A resposta é: depende. Depende do lado, das convicções, dos interesses dos leitores. Há, em torno dela, e de tantos outros temas polêmicos, uma interminável disputa interpretativa, o que acaba forçando o livro santo a dizer o que nós queremos, a partir da seleção de alguns trechos que apoiam as ideias que se quer defender. Se o que está em jogo é a interpretação, todas as vozes implicadas na questão precisam ser ouvidas, e quem lê a Bíblia precisa ter consciência do lugar social que ocupa e não se deixar iludir por respostas diversas que circulam entre nós. Você, pessoa leitora, está convidada a ler este livro e formular sua hipótese, caso ainda não a tenha. Se já a tem, pode confrontá-la com as ideias aqui expostas e refletir sobre a presença da escravidão na Bíblia e sua expansão na história e – quem sabe? – reformular convicções. Boa leitura! Ótima reflexão! Escravidão nunca mais!
Em Sobre o Mesmo Chão, Vladimir de Oliveira nos convida a uma jornada profunda e transformadora. Através de histórias e reflexões que emergem do Jardim Gramacho, um território marcado por décadas de vulnerabilidade social e resistência, Vladimir nos mostra como a fé pode ser vivida de maneira autêntica e transformadora. Este livro é um devocional para os tempos atuais, criado para reacender a fé e despertar uma espiritualidade integral e amorosa. Em um mundo polarizado, onde a fé precisa dialogar com as ciências sociais e desembocar em ações concretas, Sobre o Mesmo Chão nos desafia a repensar nosso papel na construção de um mundo mais justo e fraterno.
Com sensibilidade e profundidade, o autor nos guia pelos desafios e conquistas de uma comunidade que, mesmo na adversidade, encontra força para se reinventar. Através de projetos como a Baixada Lab, ele mostra como a educação libertadora e a fé cristã podem transformar realidades.
Seja você um educador, um líder comunitário, um cristão engajado ou alguém em busca de significado, este livro oferece uma visão poderosa de como a fé pode ser vivida de maneira prática e transformadora. Prepare-se para ser desafiado, inspirado e movido a agir. Sobre o Mesmo Chão é uma leitura essencial para quem acredita que, juntos, podemos construir um futuro no qual a justiça e o amor prevaleçam.
Esta obra de Willie James Jennings oferece uma análise profunda e crítica sobre como o cristianismo ocidental se entrelaçou com os projetos coloniais e raciais da modernidade. O autor faz uma leitura contundente da tradição teológica cristã ocidental ao demonstrar como ela se constituiu, historicamente, em estreita associação com os processos de colonização e racialização. Jennings argumenta que a teologia cristã, ao ser moldada pelo imaginário imperial europeu, desvinculou a fé de dimensões como o corpo, a terra e a comunidade instaurando uma visão desencarnada e desfigurada da relação entre Deus e a humanidade. Esse processo emergiu em uma identidade cristã eurocentrada, excludente e alienante, que legitimou a desumanização de povos indígenas e africanos e sustentou as estruturas do racismo moderno.
Com grande sensibilidade, o autor reconstrói uma genealogia teológica que evidencia como a cristandade moderna, ao ser instrumentalizada pelo poder colonial, perdeu sua vocação encarnacional. Além disso, ao longo do livro, Jennings convoca a teologia a reencontrar seu lugar no mundo a partir da reconciliação, da relacionalidade e do pertencimento, particularmente nas experiências e resistências das comunidades historicamente marginalizadas. Assim, esta é uma obra indispensável para quem busca pensar uma teologia pós-colonial comprometida com a justiça racial.
André Yuri Abijaudi
Editor da Editora Recriar