Combo Teologia Feminista

[...] não se pode desconsiderar que a reconstrução de um cânone religioso de deslegitimação da exclusão da mulher no horizonte dos direitos fundamentais, das liberdades individuais e das estruturas religiosas, põe o dedo na ferida principalmente nos abismos da desigualdades, do ponto de vista social. Fato esse importantíssimo!

Torna-se, assim, uma urgência no universo da produção especializada, elaborar bons referenciais e Mulheres em Foco cumpre com maestria esta tarefa. Permite ao leitor/a desnaturalizar a violência contra as mulheres e pensar sobre a desconstrução de uma cosmovisão que se consolidou em inúmeras áreas de conhecimento e de saberes vivenciais: o papel subalterno da mulher e dos limites de sua atuação nos domínios do privado, do lar, e para os papéis sociais relacionados com ele, universo único onde seria possível manter o seu espírito e o seu corpo inferiores e pecaminosos resguardados da perdição, para si e para outros.

Professora Dra. Sandra Vidal Nogueira

Nada é mais importante na teologia hoje do que o olhar inclusivo, que dialoga com interlocutores antes não pensados nem sequer imaginados para o debate teológico... A sociedade em que vivemos é plural em todos os sentidos, inclusive o gênero e a sexualidade. Como tal é que se apresenta à teologia a ?m de que esta com ela dialogue trazendo o conteúdo da Revelação e elaborando uma metalinguagem a partir da fé. Maria Cristina Furtado faz isso neste livro com segurança e precisão, elaborando um texto com grande profundidade e robustez teórica. O/A/E leitor/a/e tem em mãos, portanto, um verdadeiro presente. Um livro que o fará refletir e procurar ver-se refletido no rosto do outro que nos dias de hoje se apresenta como um coletivo sempre mais visível e emergente, sujeito de direitos e sobretudo comunidade de filhos amados do Deus cujo amor inclui a todos sem exceção nem discriminação de raça, sexo, gênero, pertença religiosa ou qualquer outra característica. A leitura certamente lhe fará levantar novas questões que por sua vez levarão a outros debates que enriquecerão sempre mais a reflexão teológica e a pastoral nos dias turbulentos dessa época em mudança onde nos é oferecido viver.

Na Penitenciária Feminina da Capital - PFC há uma grande concentração de mulheres migrantes. As nacionalidades variam, na maioria das vezes, de acordo com os contextos políticos e socioeconômicos dos países de origem. Alguns, no entanto, costumam estar sob maior vigília quando chegam ao Brasil. Nessa conta, soma-se o racismo estruturante das instituições, que coloca sob suspeita principalmente pessoas de países do continente africano e, entre os países da América Latina, a Bolívia. Existem razões pelas quais essas mulheres assumiram os riscos de se deslocarem até o Brasil. Foi para conversar sobre esses motivos que me desloquei até a PFC. Estas são as histórias de três delas, de como elas poderiam ser as histórias de muitas outras e de como essas histórias, confiadas a mim e agora a você, passam a ser nossas histórias. Histórias de Nosotras.

Este livro é uma organização de diversos textos que discutem a prostituição. As pesquisadoras e o pesquisado­r nos proporcionam reflexões sobre o tema e, ainda que o Instituto das Irmãs Oblatas no Brasil não se identifique necessariamente com as opiniões e posi­cionamentos dos mesmos, valorizamos uma reflexão abrangente a partir de diferentes pontos de vista. As autoras e o autor buscam compreender a prostituição a partir de diferentes áreas do conhecimento como a sociologia, antropologia e a educação popular. São pesquisas que mostram como a atividade sexual vem se transformando no decorrer dos anos, sobretudo a partir do século XXI, quando as mulheres que exercem a prostituição se conscientizam quando passam a fazer parte de associações da categoria. É pontuado também que os ativismos dos movimentos das mulheres introduziram novos elementos nas relações entre femi­nismo e prostituição, além de apresentar dados de violência contra as mulheres no âmbito prostitucional.

Estamos em tempos de luta pela inclusão das/os excluídos.  A teologia não pode ficar alheia a esse extraordinário processo histórico. Este livro é apenas uma tentativa de abrir-nos, homens e mulheres, para a necessária ressignificação de nossa herança cristã, para compreender o que cremos desde nossos corpos e nossas buscas. Através dessa publicação, abre-se um pequeno espaço para a voz das mulheres, para a valorização de sua história, poesia e pensamento, incluindo nela, como num coro interdependente, as vozes masculinas e as múltiplas vozes do universo.